Porque é que o Estado regula o sal no meu pão?
E porque é que o Estado não pode ser cortado apenas a meio?
Hoje vi um tweet de uma pessoa insuspeita que se insurgia contra o sabor do pão, “agora com menos 25% de sal”.
A Mafalda Anjos é insuspeita, visto que deixa bem claro nos seus tweets que é de esquerda, e apoia e divulga todas as posições e narrativas dos Governos, quanto mais à esquerda melhor. A Mafalda sempre esteve a favor dos lockdowns, das vacinas, das guerras contra a Rússia, a favor de impostos contra as alterações climáticas, enfim, é o tipo de pessoas que é “esse” tipo de pessoa.
O que a Mafalda talvez não se tenha apercebido é do grito de socorro que acabou de proferir. Ela não é contra o pão sem sal. Ela é contra a ingerência do Governo nas pequenas coisas do dia a dia. Daqui a ser contra o Governo é um pequeno passo.
A Mafalda é Libertária, e não sabia.
A questão é simples. O Governo acha que deve legislar sobre a percentagem de sal no pão. Porquê? A resposta é sempre a mesma: “para nosso bem”.
Porque o Governo acha sempre que sabe melhor do que nós o que devemos ou podemos comer. E como alegadamente o sal faz mal (esquecendo a premissa base de Paracelso Sola Dosis Facit Venenum), e o Governo acha que nós comemos sal a mais, o Governo decreta e manda reduzir o sal no pão. Quanto? Pode ser 25%. Porque não mais, porque não menos? Porque o Governo é que sabe, e nós comemos sal a mais. Argumentos circulares, onde apenas se pretende vincar que “quem manda é o Estado, que sabe mais que tu”.
O Governo torna, assim, a nossa vida uma miséria, com pão que sabe a sola de sapato, reduzindo a quantidade de sal “para nosso bem”. Como pode, já fez o mesmo na manteiga, claro, o que criou um ainda maior flagelo, o pão com manteiga com menos 25% de sal!! Um crime hediondo, que irá traumatizar milhões de crianças e privá-las do prazer de comer pãozinho salgado com manteiga bem temperada. Como sociedade, que geração é esta que estamos a criar, que odiará pão com manteiga?
Concordo com a Mafalda. Quem foi o génio que decidiu isto? Ninguém sabe. Como podemos fugir? Não podes, porque é lei, e quem faz pão e manteiga para vender tem que obedecer ou ser multado.
A não ser, claro, que faças o teu próprio pão. E nesse caso estás a prejudicar a economia, porque não compras o pão intervencionado pelo Estado. Milhares de padeiros estão com o emprego em risco, porque ninguém irá querer continuar a comer este pão, e passará a fazer pão em casa.
Ou então, colocarás, como eu faço, alguns cristais de flor de sal em cima de pão com manteiga, porque algures em Bruxelas (sim, estas regras não são feitas em Portugal) alguém (que se alimenta provavelmente a leite de soja sem sal, sem açúcares adicionados e proveniente de agricultura sustentável) achou que devia legislar para nosso bem, fazendo o nosso pão miserável.
O Estado não pode ter direitos sobre tudo, ou sobre o que lhe apetecer. É este o conceito libertário.
E não se pode permitir ao Estado que legisle apenas 50%. A solução libertária é simples: o Estado só pode legislar onde lhe for permitido legislar. O corte tem que ser de 100%.
Achar que podemos limitar o Estado em 50% (ou outra percentagem aleatória qualquer, diferente de 100%) não é cortar o mal pela raiz, é cortar o mal a meio.
A Mafalda não sabe que é Libertária, mas sabe que o corte tem que ser de 100%.
O pão precisa de voltar a ser Livre, tal como as pessoas.
O Estado é um mal raras vezes necessário, e nessas raras vezes em que é necessário deve ser espartilhado, limitado e corrigido.
Tudo o resto são fantasias sem sal.