A fundação da Associação Partido Libertário
Uma história de mediocridade, incompetência e falta de capacidade, para aprender com os erros.
Há exactamente 8 anos, no dia 10 de Setembro de 2016, reuniram-se no restaurante Rochedo, em Matosinhos, 10 pessoas que mal se conheciam, para formar a Associação Partido Libertário, com o intuito único de formar um Partido Libertário em Portugal.
Em 2016, achávamos que já era tarde. Oito anos depois, nada aconteceu. Por culpa de estatutos que foram pensados (e criados à mesa do restaurante) para uma associação que deveria ser extinta em pouco mais de um ano, a Associação acabou por ser vítima de si própria. Mandatos de 4 anos para a Direção fizeram com quem ficasse com o mandato tinha 4 anos para formar o Partido, ou para prestar contas aos associados.
Durante esse tempo, podia fazer de conta que era o Presidente da Associação, melhor do Partido, que já existia na cabeça dele. Segundo o Presidente da Associação, os membros da associação não tinham maturidade suficiente para formar um Partido, portanto o melhor era esperar.
Na verdade, o primeiro Presidente, que tinha tomado a iniciativa de formar a Associação, teve um mandato de dois anos, em que pouco se fez. Teve a suficiente honradez de se demitir (recordo que pessoalmente era contra essa demissão), e de passar o comando a outro.
Esse outro (que não será nomeado), vendo-se com um mandato de 4 anos, e apercebendo-se que, na cabeça das pessoas, ele era a imagem de um pseudo “Partido Libertário”, terá aproveitado essa oportunidade para durante 4 anos fazer uma vida de “Presidente”, mesmo não existindo Partido.
Dezenas de pessoas se juntaram à Associação, e dezenas se afastaram, ao verem que a actividade era nula, a vontade de formar partido não existia, e a mensagem era, na melhor das hipóteses, confusa.
O tal presidente era a única imagem da associação, cujos associados, que sabiam que nada andava para a frente, também não pediam contas ao presidente. O presidente mandava, ou fazia de conta que mandava, normalmente negando iniciativas, ou quando elas eram feitas à sua revelia, colando-se a elas, como se a associação existisse.
Uma associação é feita pelos seus associados. Os associados afastaram-se, desanimados, e deixaram andar. Dizia-se que era “um grupo de amigos”, mas eram pouco amigos e eram tudo menos amigos. Quando muito, havia alguém que tinha os acessos às contas de email, instagram e pouco mais, onde nada se publicava, e quando se publicava, a mensagem era ininteligível.
Durante a fraudemia, onde as liberdades dos portugueses tiveram o maior assalto de sempre, a associação ficou muda e serena, com medo de dar nas vistas. Um dos membros imprimiu uns autocolantes mencionando o Partido Libertário, pedindo o “Fim do Fascismo do Medo”, mas o presidente nunca assumiu essa posição. A falta de coragem era notória, mas ele lá estava.
Ao fim de quatro longos anos, finalmente terminou o mandato. O presidente disse que não se queria candidatar, mas indigitou alguém. Infelizmente, esse eventual novo presidente não obteve a necessária autorização dos pais (a sério) para se candidatar.
A associação iria ficar sem líder, e de entre os associados foi criada uma lista que pretendia formar o partido em um ano, tal como tem sido prática com todos os outros partidos que se formaram em Portugal nos últimos 8 anos (Chega e IL, por exemplo, formaram-se nestes 8 anos, e já elegeram vários deputados).
De repente, vendo que afinal havia alguma maturidade dentro da Associação, e vendo que iria perder o seu título de “presidente”, o “presidente” voltou a condidatar-se. Convidou para a direção pessoas que tinham acabado de chegar, e na qual ninguém confia nem confiava.
Entretanto, várias medidas foram tomadas para garantir que a lista alternativa perdia. Vários lugares de direção foram distribuídos, não foram permitidas votações por procuração (quando inclusive membros da lista alternativa estavam fora do país), bem como nunca foi partilhada a lista de membros da associação à lista alternativa.
Em Janeiro de 2022, foi dado mais um mandato ao Glorioso Líder Que Nunca Tinha Feito Nada. A sua promessa? Desta vez é que era. A sério, esta foi a plataforma eleitoral.
Mesmo assim, mesmo sendo “agora que ia ser”, não foi. Fizeram um crowdfunding, contrataram pessoas para angariar assinaturas, pagas a peso de ouro (4x mais caro do que outros partidos o têm feito), nunca foram apresentadas contas, e mesmo assim, ao fim de OITO ANOS, ainda não chegaram a METADE das assinaturas necessárias para formar o Partido.
Fazem hoje OITO ANOS que foi formada a Associação.
Quantos anos passarão ainda até que alguém tenha vergonha na cara e assuma que falhou, que nao cumpriu o que prometeu, e que deve, absolutamente, afastar-se?
Há oito anos a formação de um Partido Libertário já vinha tarde.
A responsabilidade da não criação deste Partido tem apenas um nome. Não o mencionarei, todos sabem quem é.
É a pessoa que mais fez pelo atraso da mensagem libertária em Portugal.
Quando as pessoas têm um módico de vergonha, e falham o que se propõem fazer perante outras pessoas, é normal e honrado assumir a incapacidade e demitir-se. Foi o que fez o primeiro Presidente da Associação. O actual não se demite, porquê? Porque é que a Associação não lhe exige a demissão?
Nas palavras de Marcus Tullius Cícero, dirigindo-se a Catilina (um aristocrata romano que pretendia impôr uma ditadura em Roma),
Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?
Pela Liberdade.