Há cerca de 800.000 anos (mais 50 mil ou menos 50 mil anos), na zona hoje conhecida como Burgos, em Espanha, na gruta Gran Dolina, morriam alguns hominídeos de várias espécies, incluindo alguns Homo Sapiens.
Os restos destes hominídeos foram encontrados há 50 anos, e são prova da habitação permanente na Península Ibérica do último quase milhão de anos.
De lá para cá, já passaram uns valentes anos. E esses ossos já passaram por dias de calor, de frio, de chuva, de neve, de seca, de… tudo. Em 800 mil anos, muita coisa pode acontecer, e de certeza que aconteceu. Da História conhecida (são 790 mil anos de pré-história, e apenas 10.000 de História minimamente conhecida), os romanos invadiram, foram expulsos, vieram os árabes, foram expulsos, fundaram-se os reinos ibéricos, os franceses invadiram-nos, foram expulsos, o Franco ganhou a Guerra Civil espanhola, e acabámos com o Montenegro como Primeiro Ministro de um pedaço de terra na Península.
E em todo este tempo, de novo, esteve calor, esteve frio, nevou, choveu, etc. Não precisamos de medir os anéis das árvores para saber que isto é verdade. Em 800.000 tudo o que poderia ter acontecido, aconteceu.
Aliás, 800 mil anos é o maior registo existente sobre temperaturas na Terra, retirado do site “EPICA”, na Antartida, e regista todas as variações da temperatura no planeta Terra:
Parece que há pouco menos de 800 mil anos, a temperatura média na Terra até estava semelhante á temperatura actual (o gráfico está perto do zero há 780k anos, e agora).
Há 120, 250, 320 e 400 mil anos houve temperaturas mais elevadas do que temos agora, e em quase todos os outros tivemos temperaturas mais baixas. Aliás, a subida de temperatura mais recente começou há cerca de 12000 anos, com o final da última Idade do Gelo, e aconteceu já várias vezes, na História da Terra.
O que é importante verificar também neste gráfico, é como existe uma linha vermelha (a média), e várias linhas azuis, muito ténues há 800 mil anos, mas mais escuras nas últimas centenas de anos. Como seria de esperar, a quantidade de dados de temperatura existentes para os últimos anos é muito maior do que os disponíveis há 800 mil anos. E os dados mais recentes têm variações tremendas. A temperatura na Terra é um modelo caótico, com amplitudes bastante elevadas, da qual se extrai uma média, um número único, que pretende espelhar uma variação grande.
Se a temperatura máxima for de 50ºC, mas de noite arrefecer para 10ºC, a temperatura média será 30ºC. Quando analisamos médias, não sabemos quais as máximas, nem as mínimas. Sabemos a média, que marca o meio da amplitude. Uma temperatura máxima elevada não significa nada, a não ser que a temperatura mínima também seja elevada, e provoque uma média elevada.
É possível bater recordes de tempertura máxima, e manter uma média estável ou normal. É possível bater recordes de temperatura num ano, e nos anos seguintes os recordes não serem batidos. É por isso que são recordes, porque são anormais, e devem-se a vários factores. O maior número de recordes de temperatura nos Estados Unidos foram batidos nos anos 30. Nunca mais se verificaram tantos recordes em pouco tempo. E todos os anos há recordes novos.
Todos os anos são batidos novos recordes. Porquê? Porque há muitos locais com medição de temperatura, e em todos eles, num ano, estará mais calor que nos outros. E frio também, mas parece que isso não é relevante, hoje em dia.
Esta semana, com a Primavera, começaram de novo a aparecer os click baits de gráficos de temperatura em que o mapa está todo a vermelho para temperaturas perfeitamente amenas (na casa dos 20ºC), e com os habituais recordes de temperatura a serem batidos, em várias cidades na Peninsula Ibérica:
Para as pessoas que acham que o mundo vai acabar porque emitimos demasiado CO2, e que se a temperatura subir 0,5ºC teremos o degelo das calotes polares, e vamos todos morrer num oceano em ebulição, estes mapas são fantásticos, porque lhes permite utilizar o viés da confirmação: Como já sabem de antemão que estamos condenados à morte por ebulição através da subida do nivel do mar, assim que um pequeno dado (mesmo que errado) permita validar a sua teoria preferida, isso é mais uma acha para a fogueira, mais uma confirmação que a teoria deles está certa. Como poderia não estar, se lhes é martelada diariamente pelos media, e por pessoas “que estudaram”?
Uma teoria, como a teoria do aquecimento global ser devido ao CO2 emitido pelo homem precisa de confirmação prática. Se fazem previsões, essas previsões têm que se cumprir, ou a teoria está errada. Se nos dizem que a temperatura vai subir, e o mar vai subir, e vai ficar mais calor, e as observações não comprovam essas teorias e essas previsões, então a teoria está errada.
Não é o recorde de temperatura de Miranda do Ebro em Abril de 2024 que comprova que o mar vai subir dentro de 10 anos. Não há uma relação de causa-efeito. Da mesma forma que a Serra da Estrela ter neve em Abril não é sinal de que a temperatura não está a aquecer.
Nos últimos 800.000 anos a Terra, e a Península Ibérica, passaram por vários períodos de glaciação, e vários períodos de aumento de temperatura. Sempre aconteceu, e não é preciso o aumento do CO2 para explicar isso, porque há 300.000 anos não havia CO2 criado pelo homem. Havia outras causas, que provavelmente hoje ainda existem. A temperatura já esteve mais alta do que está hoje (e isso é visível nos gráficos de temperatura de há 800.000 anos).
Porque insistimos em acreditar em teorias que nunca foram provadas na prática, e que apenas servem para limitar as liberdades da Humanidade?
Precisamos de aprender a ler gráficos, e a pensar por nós próprios. Os especialistas dizem o que lhes pagarem para dizer.