Há 20 dias, no final de Agosto, escrevi aqui um artigo em que analisava os dados oficiais de área ardida, chegando à conclusão que, até final de Agosto, tínhamos tido o segundo melhor ano dos últimos 29 em área ardida. Obviamente, o facto de termos tido um Verão particularmente frio (apesar da dissonância cognitiva que os media gostam de propagar), terá ajudado a termos tido, até Agosto, muito pouca área ardida. Estranhamente, não vimos nenhum jornal ou dirigente a vangloriar-se do facto. Portugal não tinha incendiários, nem má gestão da floresta, nem alterações climáticas, porque não havia incêndios.
Primeira conclusão: em Portugal só prestamos atenção quando, literalmente, temos a casa a arder. Ninguém quer saber, e não temos nenhum problema, quando está tudo calmo.
A 24 de Abril de 1974, a senha para os militares do MFA que iriam depor o Governo foi tocar na rádio a “Grândola Vila Morena”, seguida do “E depois do Adeus”.
Este Domingo, dia 15/09, todos os portugueses com telemóvel receberam um aviso do ProCiv a avisar que existia um risco extremo de incêndio em Portugal:
Por outras palavras, todos os nefários criminosos potenciais incendiários ficaram a saber, pela mão do Governo, e de fonte oficial e fidedigna, que as condições eram propícias para incendiar. Não pretendo afirmar que existe conluio. Pretendo dizer que é preciso ter muito cuidado com o que se transmite para todos os telemóveis do país.
No entanto, no Domingo, quando foram enviados os avisos, a verdade é que o País já ardia. Segundo imagens de satélite disponíveis online (neste caso a Zoom Earth), os fogos começaram todos ao mesmo tempo, às 22h00, na noite de 5ª para 6ª feira.
Ora, podemos aceitar que fogos começam durante o dia por acção do Sol. Nesse caso poderá ser uma causa natural. Perdoem-me a lapalissada, mas de noite o Sol não aquece e não provoca incêndios. É necessária uma fonte de ignição.
Portanto, se não é do Sol, não é das alegadas alterações climáticas. Não existe nenhuma fonte de ignição conhecida que provoque ignição de incêndios durante a noite. Este tema só é discutível para alguém que acredite muito, mesmo muito, nas teorias nunca provadas de que o planeta vai entrar em combustão espontânea em breve, e que a solução para que isso não aconteça é comermos insectos e usarmos palhinhas de papel. Não nos alonguemos por aí.
Portanto, temos vários incêndios a aparecer durante a noite, antes do famoso aviso do Prociv, numa área bastante extensa, e a aparecerem todos exactamente ao mesmo tempo. Admito e aceito que provavelmente a informação sobre estes incêndios possa ter sido apenas disponibilizada em bloco, mas a verdade é que os dados oficiais apontam para todos começarem ou serem detectados num curto espaço de tempo.
Pior, estes incêndios apenas aconteceram em Portugal, e relativamente perto da fronteira com Espanha. Um incêndio não reconhece fronteiras. Estes incêndios têm uma “nacionalidade”, são portugueses, mais portugueses até que os condutores de Uber com Cartão de Cidadão Nacional, porque nasceram cá, e não em Espanha.
Só há uma explicação para o que ocorreu nos incêndios em Portugal na semana passada:
Acção humana concertada.
A forma como o conseguiram fazer é irrelevante. Esta semana fomos surpreendidos com um ataque terrorista em que aparelhos de comunicação foram alterados de forma a se tornarem explosivos (ainda se desconhece como aconteceu), e a explodirem todos, de forma sincronizada, ao mesmo tempo.
Colocar um explosivo semelhante na floresta durante o dia e configurá-lo para explodir ou entrar em ignição às 22h00 não é difícil. Até é fácil para apenas uma pessoa começar a colocar estes dispositivos de manhã e durante todo o dia colocar 10 engenhos destes em locais predeterminados, para os fazer explodir à mesma hora.
Os terroristas fizeram isso no Líbano, porque não o fariam em Portugal?
Seja como for, a conclusão de que existem pessoas ou grupos em acção em Portugal, a provocar a destruição do património e as mortes e o terror em várias pessoas é óbvia.
Quem poderá estar interessado em cometer tais actos? Como sempre, a resposta é sempre a mesma. Quem lucra. Raríssimos são os crimes que não têm motivação. Seja financeiramente, seja passionalmente, os crimes têm sempre alguém que pretende “lucrar” algo, nem que seja o “descanso mental” de assassinar alguém de quem não se gosta.
Então, quem lucra com os incêndios?
Fala-se dos suspeitos do costume, os madeireiros, fala-se do lítio, fala-se das perturbações mentais, dos (reconhecidamente muito poucos) bombeiros que querem combater incêndios, mas dificilmente se fala de quem lucra bastante com tudo isto em audiências e publicidade.
Enfim.
Estou certo que o Governo, na sua infinita sapiência irá nomear uma Comissão de Inquérito, e em breve terá sido apurado o que tiver que ser apurado, doa a quem doer. Na verdade, não foram capazes de prevenir estes ataques, não foram capazes de os combater, não foram capazes de ajudar as vítimas, pelo menos que sirvam para fazer um inquérito decente, não?